• Sobrevivi, e agora? #1 - Será o fim ou apenas um recomeço?

    Nesta série escreveremos sobre vários aspectos deste tipo de aventura, o temível APOCALIPSE, explorando suas possibilidades em vários aspectos diferentes.
    Cada post da série falará sobre um assunto dentro do tema e seguiremos até que eles se esgotem ou cansemos do assunto.

  • Armas, digo, “quase” armas

    Toda arma causa dano, mas nem tudo que causa dano é uma arma, partindo deste principio esse post se dedica a armas improvisadas, objetos pegos ao acaso durante o combate e a armas quebradas, em decomposição ou baratas demais.

  • Interpretando Gênios

    Interpretar uma inteligência abaixo da sua é fácil e geralmente também muito engraçado, mas quando a IQ do personagem supera a sua eis que surge o verdadeiro desafio.
    Como pensaria um ser de inteligência superior a sua?

  • Um Dia Triste - Quando um Personagem Morre

    Não é de hoje que a morte de um personagem é tratada como algo ignorável nas mesas de RPG.
    Vejamos as consequências da morte de um personagem e as reações que ela pode causar nos companheiros do herói que se foi.

  • GURPS Medieval Fantasia Existe

    GURPS é famoso por seus muitos livros e regras, que possibilitam uma variedade imensa de campanhas, desde viagens interplanetárias a policiais magos contra vilões alienígenas.
    E por que não, o famoso Medieval Fantasia?

  • Desvantagens - A alma do seu personagem

    Não é de hoje que os jogadores utilizam as desvantagens para ganhar mais pontos na ficha ou até procuram desvantagens que parecem “vantajosas” pra seu personagem.
    Vou tentar explicar como escolher-las e como utilizá-las.

-A+Asábado, 3 de janeiro de 2015

Avatar

Interpretação - A Essência do RPG





Interpretação é, e sempre foi, o que torna o RPG um jogo único e envolvente, sem concorrentes a altura até hoje. Infelizmente, muito da emoção e da qualidade do jogo vem se perdendo com o imediatismo moderno e a visão “combística” dos RPGs eletrônicos que impregna a mente de novos jogadores.

A interpretação não se foi, mas por vezes é pisoteada em sessões de RPG por ai a fora.
Que tal tentarmos fortalece-la?



Quem sou eu?

A interpretação depende da construção do personagem, do personagem, não daquela pilha de letras e números no papel. Quem é o personagem?
Você precisa saber da índole do seu personagem, seria ele uma pessoa boa por natureza? Ou ele faz o que mais lhe convém? Ele é cruel sem motivo? Ele acha que há motivos pra ser cruel? Quais seriam?

 
Tente compor seu personagem com um nível mias profundo de detalhes. Quanto mais você souber dele, mais naturalmente pensará como ele dentro do jogo. Construa sua personalidade, seus gostos e desgostos, seus medos e vícios assim como cada detalhe que o torna único.

Seu personagem não é apenas mais um andando por ai, pelo menos não pra ele.




O Passado

O que seu personagem viveu, construiu e lapidou o que ele é hoje. O passado pode criar gatilhos para as situações que o personagem já viveu e, ao se ver em condições semelhantes ele pode, digamos, não ser ele mesmo. Um trauma de infância, a morte de alguém, algo que o lembra de casa, desafios superados, ou não.

Construa um passado crível, e condizente com o presente do personagem.

Cada momento do passado, bom ou mal deixou uma marca. Quando alguma situação surgir pense; ele já viu algo semelhante? Se sim como reagiu? Que resultado obteve? Ele faria de novo do mesmo jeito? Se não, eis a sua oportunidade.

Experiência não são só aqueles pontinhos para ganhar “nível”, há sempre influencias do passado nas ações de qualquer um. Imagine as lições que o passado deu ao seu personagem e use-as quando ele precisar. Explicações usando uma antiga experiência, o narrar de uma história vivida no passado, ou o comentário do que aconteceu numa aventura anterior em situações semelhantes transformam seu personagem em mais que uma mera peça dentro do jogo.

Você e o Mundo de Jogo

Seu personagem não está apenas no mundo de jogo, ele faz parte desse mundo! Que lugares ele já visitou, quem já conheceu? O que ele acha de certo tipo de povo ou cultura? O que ele pensa do governo atual, ou da forma como as coisas funcionam, politicamente falando? Ele se mistura ou apenas convive a certa distância dos costumes locais?

 
Como seu personagem reage às pessoas e aos lugares do cenário podem transformar uma visita a cidade em uma aventura ou uma aventura em uma simples visita à cidade.
Ainda com suas experiências, imagine seu personagem vivendo simbioticamente.
Como ele é conhecido pelos que já o viram por ai? Não só como ele reage ao cenário é importante mas também como o cenário reage a ele.



Os Meus Porquês

A motivação que guia a todos e os mantem seguindo em frente, poucos sobreviveriam a situações adversas sem um objetivo a conquistar. E, a menos que seu personagem seja muito “caótico”, ele não fará nada sem um porque, mesmo que o porquê seja tolo ou incompreensível para os demais. Vide o “porque eu quis”.

Por que ele se aventura por ai? Ele não se aventura? Por que?
Por que ele pensa isso ou aquilo? E em que esse porque influência em suas decisões ou em outras atitudes? Seria porque teve uma experiência anterior? Porque prefere assim? Porque aprendeu desse jeito e nunca tentou diferente?
Por quê?

Personagem v.s. Jogador

Você (jogador) não gosta disso ou daquilo? Sabe que tal coisa faz bem, ou mal?
Sabe se o caminho é pra esquerda ou pra direita?
Não importa, você não está lá. Mas seu personagem está. O que ele sabe? E quanto ele sabe?

Seu personagem e você são pessoas diferentes, e se não forem, a interpretação não existe.
O que você sabe e seu personagem evidentemente não saberia, importa apenas pra ser ignorado. Se você tem dúvidas do que seu personagem sabe, pergunte ao Mestre.

Lembre-se que o contrário também existe. O que será que o personagem sabe mas você não?
Seu personagem é um perito em química e você mal reconhece água quando vê? Sem problemas, diga que fez algo, qual seu objetivo nessa atitude e role os dados.
Se fez e se poderia fazer o Mestre dirá.

Vale lembrar de não exigir também explicações elaboradas dessas situações ao Mestre, assim como você ele não tem obrigação de ser, por exemplo, um químico como seu personagem.

E se você for um químico e o Mestre disser algo cientificamente “errado”, ignore. A palavra final é dele. Afinal, no cenário dele, quem manda na ciência é ele.

Pode ser que ele goste de ser informado do “erro” mais tarde em particular, fora da sessão de jogo, mas nunca durante. A menos que ele pergunte.

Metajogo

Então você (jogador) sabe que o tal monstro é cego? Sabe que a criatura sinistra tem um ponto fraco? Já ouviu aquele enigma num filme antigo? Conhece a ficha do inimigo? Observou o sorriso semi-sádico do Mestre e sabe que tem perigo atrás daquela porta? Viu o mapa do Mestre sem querer e sabe que nessa sala tem uma armadilha, ou uma passagem secreta? Bom, sinto muito, mas não devia saber.

Então aja como se não soubesse, se não puder, não aja. Deixe que os outros jogadores fiquem com toda a diversão dessa vez.


O Metajogo pode arruinar o desafio cuidadosamente planejado pelo Mestre e acabar com a diversão dos outros jogadores que queriam a emoção do descobrir.
Você já sabia? Acontece, mas não seja egoísta ou exibido. RPG não se joga sozinho.

Jogador e Mestre

Você jogador converse com o Mestre sobre seu personagem, ele deve entende-lo quase tanto quanto você e isso o fará criar propositalmente situações típicas e atípicas ao seu personagem e aos de seus amigos que serão divertidas para todos no grupo.

Você Mestre transpareça a personalidade de seus NPCs, trejeitos, tom de voz, linguajar, atitudes etc. Deixe que seus jogadores reconheçam os NPCs até pela voz, pelo jeito de falar ou pelo que fez ou deixou de fazer.

*   *   *   *   *
Esse é um assunto recorrente nas postagens do blog, mas dessa vez espero ter concluído o assunto, por hora.

Você e seu grupo se dão bem interpretando seus personagens? Algum jogador mal acostumado com videogames? Como você lida com o Metajogo?

Até.

Um comentário:

  1. Realmente representação no jogo é tudo, pena que nem todos tem o dom de conseguir diferenciar um pj de outro, sempre seguindo o mesmo padrão...

    ResponderExcluir