• Sobrevivi, e agora? #1 - Será o fim ou apenas um recomeço?

    Nesta série escreveremos sobre vários aspectos deste tipo de aventura, o temível APOCALIPSE, explorando suas possibilidades em vários aspectos diferentes.
    Cada post da série falará sobre um assunto dentro do tema e seguiremos até que eles se esgotem ou cansemos do assunto.

  • Armas, digo, “quase” armas

    Toda arma causa dano, mas nem tudo que causa dano é uma arma, partindo deste principio esse post se dedica a armas improvisadas, objetos pegos ao acaso durante o combate e a armas quebradas, em decomposição ou baratas demais.

  • Interpretando Gênios

    Interpretar uma inteligência abaixo da sua é fácil e geralmente também muito engraçado, mas quando a IQ do personagem supera a sua eis que surge o verdadeiro desafio.
    Como pensaria um ser de inteligência superior a sua?

  • Um Dia Triste - Quando um Personagem Morre

    Não é de hoje que a morte de um personagem é tratada como algo ignorável nas mesas de RPG.
    Vejamos as consequências da morte de um personagem e as reações que ela pode causar nos companheiros do herói que se foi.

  • GURPS Medieval Fantasia Existe

    GURPS é famoso por seus muitos livros e regras, que possibilitam uma variedade imensa de campanhas, desde viagens interplanetárias a policiais magos contra vilões alienígenas.
    E por que não, o famoso Medieval Fantasia?

  • Desvantagens - A alma do seu personagem

    Não é de hoje que os jogadores utilizam as desvantagens para ganhar mais pontos na ficha ou até procuram desvantagens que parecem “vantajosas” pra seu personagem.
    Vou tentar explicar como escolher-las e como utilizá-las.

-A+Adomingo, 15 de janeiro de 2012

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Ele é Bobo Mas Não é Doido...

Fala polvo!

Esses dias eu estava conversando sobre RPG com não lembro quem e o assunto da loucura do personagem surgiu. Me lembrei de um artigo que eu havia escrito antes e resolvi me basear nele pra falar um pouco sobre isso aqui no "GHex". Personagens loucos atraem muitos jogadores, mas nem sempre a loucura é interpretada no RPG como poderia (ou deveria) ser. Todos nós conhecemos exemplos de gente que adora jogar com malkavianos, personagens de tendência caótica ou que tenham o aprimoramento negativo/desvantagem “insano” em seu rol de defeitos. Muitos interpretam esse tipo de personagem com maestria, retratando de maneira convincente os dramas mentais e as confusões que existem por trás de uma mente doente, mas muitos confundem as coisas e acham q ser louco é colocar um ovo na cadeira do bárbaro pra ele sentar em cima e ser chamado de “frangão” mais tarde. Buscando desfazer esse estigma de "louco palhaço", escrevi esse artigo pra mostrar como a loucura pode ser terrível, afinal, ficar louco é o maior drama de muitos sistemas por aí... Quem conhece Call of Cthulhu sabe do que eu tô falando.

Imaginem a cena: um grupo de heróis é contratado pra invadir uma cripta. Seguindo pela masmorra o teto começa a descer até bloquear o caminho de volta, os heróis estão presos em uma sala com uma grande porta trancada e um poço, contendo uma misteriosa névoa azul, ao centro. Depois do grupo vencer um monstro que emergiu da névoa, um dos heróis revista o local e encontra alavancas espalhadas por quatro pilastras ao redor da câmara, puxa uma delas e o nível da névoa no poço diminui...

Até aí tudo bem, só que o ladrão halfling viu o que aconteceu e procurou as alavancas também, ele puxou a segunda alavanca, que baixou ainda mais o nível de névoa no poço e fez com que os vãos entre as pedras do piso começassem a emanar uma leve luminosidade azulada (um sinal claro de que havia algo abaixo do piso que ligava o conteúdo do poço a toda a sala). Nesse meio tempo o grupo descobre que a tal névoa é mágica e muito perigosa (as custas do braço do meu personagem)...

O halfling, em um impulso de interpretação equivocada, corre até as outras pilastras e ativa as outras alavancas, liberando a névoa que antes estava confinada ao poço! Ok, halflings são curiosos, não se pode esperar que eles percebam detalhes no piso diante de um mecanismo desconhecido, mas ignorar isso pra ativar a armadilha e colocar todo o grupo (inclusive ele) em risco? Uma interpretação mal planejada do conceito “caótico” quase custou a vida de dois personagens!

O intérprete de um personagem louco não precisa bancar o bobo pra provar que sabe interpretar, a loucura está em atitudes menos idiotas do que sair ativando armadilhas por aí como se nada fosse. Invadir uma sala com imprudência é parte da conduta de um louco, que o diga meu guerreiro, caótico, que descobriu a ameaça da tal névoa depois de enfiar o braço dentro do poço... Outra coisa é ser suicida e enfiar a cabeça na boca do dragão pra ver se ele tem cáries.

Loucos são doentes, vivem num mundo só deles onde as coisas funcionam como eles querem ou temem. Podem ser palhaços inofensivos ou criminosos frios, que vão de Tiririca a Hannibal Lecter em menos de dez segundos. Personagens loucos pensam como poucos ousam pensar, criam estratégias dignas de sua loucura, seja pela simplicidade, ineficácia ou complexidade macabra. Quando são malignos não hesitam em cometer crimes, mas fazem de maneira peculiar e inusitada. Quem não lembra da “mágica” do Coringa que fez desaparecer o lápis?

Pra concluir, quero pedir que os jogadores sejam mais Cautelosos ao interpretar a loucura do personagem. Pode até bancar o Sérgio Malandro, mas lembre-se da face mais macabra da loucura também, ficando atento pra não permitir q sua interpretação destrua a campanha inteira, sem falar na diversão dos seus amigos.

Grande abraço pessoal, obrigado pela atenção.
(texto publicado originalmente no Hora da XP)