(texto publicado originalmente no Hora da XP)
Blog para os amantes de RPG, principalmente GURPS. Regras, idéias, adaptações, resenhas e dicas para a sua seção nunca mais ser a mesma.
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Sobrevivi, e agora? #1 - Será o fim ou apenas um recomeço?
Nesta série escreveremos sobre vários aspectos deste tipo de aventura, o temível APOCALIPSE, explorando suas possibilidades em vários aspectos diferentes.
Cada post da série falará sobre um assunto dentro do tema e seguiremos até que eles se esgotem ou cansemos do assunto. -
Sobrevivi, e agora? #1 - Será o fim ou apenas um recomeço?
Nesta série escreveremos sobre vários aspectos deste tipo de aventura, o temível APOCALIPSE, explorando suas possibilidades em vários aspectos diferentes.
Cada post da série falará sobre um assunto dentro do tema e seguiremos até que eles se esgotem ou cansemos do assunto.
-A+Adomingo, 15 de janeiro de 2012

Ele é Bobo Mas Não é Doido...
Fala polvo!
Esses dias eu estava conversando sobre RPG com não lembro quem e o assunto da loucura do personagem surgiu. Me lembrei de um artigo que eu havia escrito antes e resolvi me basear nele pra falar um pouco sobre isso aqui no "GHex". Personagens loucos atraem muitos jogadores, mas nem sempre a
loucura é interpretada no RPG como poderia (ou deveria) ser. Todos nós
conhecemos exemplos de gente que adora jogar com malkavianos, personagens de
tendência caótica ou que tenham o aprimoramento negativo/desvantagem “insano” em seu rol de defeitos.
Muitos interpretam esse tipo de personagem com maestria, retratando de maneira convincente os dramas mentais e as confusões que existem por trás de uma mente doente, mas muitos confundem
as coisas e acham q ser louco é colocar um ovo na cadeira do bárbaro pra ele
sentar em cima e ser chamado de “frangão” mais tarde. Buscando desfazer esse
estigma de "louco palhaço", escrevi esse artigo pra mostrar como a loucura pode ser
terrível, afinal, ficar louco é o maior drama de muitos sistemas por aí... Quem conhece Call of Cthulhu sabe do que eu tô falando.
Imaginem a cena: um grupo de heróis é contratado pra invadir
uma cripta. Seguindo pela masmorra o teto começa a descer até bloquear o
caminho de volta, os heróis estão presos em uma sala com uma grande porta
trancada e um poço, contendo uma misteriosa névoa azul, ao centro. Depois do
grupo vencer um monstro que emergiu da névoa, um dos heróis revista o local e
encontra alavancas espalhadas por quatro pilastras ao redor da câmara, puxa uma
delas e o nível da névoa no poço diminui...
Até aí tudo bem, só que o ladrão halfling viu o que
aconteceu e procurou as alavancas também, ele puxou a segunda alavanca, que
baixou ainda mais o nível de névoa no poço e fez com que os vãos entre as
pedras do piso começassem a emanar uma leve luminosidade azulada (um sinal
claro de que havia algo abaixo do piso que ligava o conteúdo do poço a toda a
sala). Nesse meio tempo o grupo descobre que a tal névoa é mágica e muito
perigosa (as custas do braço do meu personagem)...
O halfling, em um impulso de interpretação equivocada, corre
até as outras pilastras e ativa as outras alavancas, liberando a névoa que
antes estava confinada ao poço! Ok, halflings são curiosos, não se pode esperar
que eles percebam detalhes no piso diante de um mecanismo desconhecido, mas
ignorar isso pra ativar a armadilha e colocar todo o grupo (inclusive ele) em
risco? Uma interpretação mal planejada do conceito “caótico” quase custou a
vida de dois personagens!
O intérprete de um personagem louco não precisa bancar o bobo
pra provar que sabe interpretar, a loucura está em atitudes menos idiotas do
que sair ativando armadilhas por aí como se nada fosse. Invadir uma sala com
imprudência é parte da conduta de um louco, que o diga meu guerreiro, caótico,
que descobriu a ameaça da tal névoa depois de enfiar o braço dentro do poço... Outra
coisa é ser suicida e enfiar a cabeça na boca do dragão pra ver se ele tem cáries.
Loucos são doentes, vivem num mundo só deles onde as coisas
funcionam como eles querem ou temem. Podem ser palhaços inofensivos ou criminosos
frios, que vão de Tiririca a Hannibal Lecter em menos de dez segundos. Personagens
loucos pensam como poucos ousam pensar, criam estratégias dignas de sua loucura,
seja pela simplicidade, ineficácia ou complexidade macabra. Quando são malignos
não hesitam em cometer crimes, mas fazem de maneira peculiar e inusitada. Quem
não lembra da “mágica” do Coringa que fez desaparecer o lápis?
Pra concluir, quero pedir que os jogadores sejam mais
Cautelosos ao interpretar a loucura do personagem. Pode até bancar o
Sérgio Malandro, mas lembre-se da face mais macabra da loucura também, ficando atento pra
não permitir q sua interpretação destrua a campanha inteira, sem
falar na diversão dos seus amigos.
Grande abraço pessoal, obrigado pela atenção.
(texto publicado originalmente no Hora da XP)
(texto publicado originalmente no Hora da XP)